ALTAR DO BOM JESUS DA CANA VERDE
Entalhador: Bernardino de Sena Reis Almeida
Data da obra: 1862-1865
Este altar é um dos únicos que se manteve fiel à encomenda, como o altar de Nossa Senhora das Dores e o altar-mor. No florão que decora o arco superior veem-se o cálice e os espinhos, atributos da imagem de a palma, Jesus, durante o martírio final, momentos que antecediam a crucificação, figuração conhecida, usualmente, como Bom Jesus ou Bom Jesus da Cana Verde.
A decoração superior do arco é feita com os mesmos elementos dos demais altares laterais, guirlanda de flores, rocalhas, volutas e palmas. Grandes palmas e volutas na parte interna junto ao nicho. Colunas sem decoração nos terços, bases com faces de anjos. Existem três andares no trono, com formas geométricas e fechadas. Frontal arredondado com grandes volutas nas laterais. Pequenas flores e galhos decoram as colunas e pilastrinas.
É possível supor que este altar tenha sido pago pela Irmandade do Bom Jesus, impossibilitados os irmãos de comprar a Matriz Velha, em 1857, por falta de recursos financeiros271, a fim de transformá-la em Igreja do Bom Jesus, os irmãos podem ter se mobilizado para adquirir um altar na Matriz Nova.
Com Bernardino de Sena Reis e Almeida encerra-se uma fase importante do acervo, em paralelo com a construção da Matriz, desde sua saída, passaram-se exatos 14 anos até que surgisse nova oportunidade para a decoração de talha do templo. A imigração massiva de europeus, principalmente italianos, mudaria o perfil do artista contratado e da obra em si. Em 1879, Raffaello de Rosa continuaria a decoração da Matriz prevendo uma inauguração próxima. Raffaello por uma escola de Belas Artes, trazia consigo toda uma era um artista nascido e educado em Nápoles, formado bagagem da cultura italiana do período. Caso semelhante fica comprovado no quarto entalhador, Marino Del Favero, italiano, nascido e educado em Belluno, discípulo de outro artista italiano, seu tio, Giovan Battista De Lotto, ambos grandes apreciadores da obra do artista Andrea Brustolon.
(FONTE: BARRANTES, Paula Elizabeth de Maria, 2015)