Entalhador: Marino Del Favero
Data da obra: 1910
CAPELA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
O escultor italiano Marino Del Favero foi convidado por Monsenhor Reimão e por Dom Nery, em 1909, a vir confeccionar um altar, segundo consta no Livro do Tombo, “com a característica dos outros”. Este altar seria colocado, conforme demonstra o Livro do Tombo, “na sala em que se reúnem as Filhas de Maria ou no cômodo imediato, que deverá se transformar na Capela do Santíssimo Sacramento.
A capela atual era feia e lateral. A questão do feio aqui está relacionada à visibilidade e não necessariamente à capela propriamente dita. Irmandades como a do Santíssimo Sacramento, em geral, pela questão econômica e hierárquica possuíam destaque no espaço litúrgico e, até 1910, a Irmandade do Santíssimo Sacramento da Catedral mantinha certa humildade ocupando apenas altares laterais. A nova concepção geográfica e hierárquica foi uma decisão particular do primeiro Bispo de Campinas.
O entalhador veio a Campinas e apresentou os desenhos com o orçamento ao Bispo e ao provedor da Irmandade em 1909. Em 16 de março de 1910 inaugurou- se a Capela do Santíssimo Sacramento na Catedral, onde Marino Del Favero foi benzido, juntamente a seu altar.
O estilo do altar tem forma geometrizada, quinas mais duras, muito mais despida de excesso de ornamentação. É na produção de anjos e de querubins que a marca de Marino aparece. No altar da Capela do Santíssimo foram vários os tipos de anjos usados como: querubins, que seguram a coroa e o crucifixo; os três anjos, que ornamentam o tímpano do altar; os anjos tocheiros, que dirigem a iluminação; os anjos com a balança, a espada e a corneta da anunciação.
No frontal, dois anjos adoram ao cordeiro e nas pilastrinas laterais um anjo segura a espada e outro um bandolim. As colunas do altar são lisas com capitéis de pouco entalhe. A característica barroca se mostra no uso profuso de anjos e no acabamento do tímpano, que se desloca para a frente, criando um efeito visual de profundidade. Os anjos tocheiros foram entalhados e posicionados de tal maneira pelo escultor que fornecem uma experiência visual tridimensional ao observador, mesmo que se mantenha a mesma posição de observação.
Este altar estava com o mesmo tipo de tratamento dado ao restante da Matriz, com cor bem escurecida da madeira, devido ao verniz. Em uma restauração recente foi retirado o verniz escuro, a cor e o acabamento de hoje assemelham-se à sua aparência original.
(FONTE: BARRANTES, Paula Elizabeth de Maria, 2015)