Entalhador: Marino Del Favero
Data da obra: 1908
TRONO ESPISCOPAL DO PRIMEIRO BISPO DE CAMPINAS
A atribuição do trono episcopal a Marino Del Favero deu-se por comparação a outras obras suas na Catedral, sendo confirmado o altar da Capela do Santíssimo e o anjo tocheiro. A atribuição foi reforçada pela maneira como o escultor foi introduzido na Catedral, na verdade, o escultor foi convidado pelo Bispo a vir confeccionar o altar, de onde pode-se supor que o bispo já conhecia seu trabalho. O trono é a primeira obra de Marino para a Catedral de Campinas, tendo chegado exatamente para a posse do primeiro Bispo, em 1908.
O trono é de madeira entalhada e policromada. O tecido vermelho foi trocado em 1977, não sendo, assim, original. Na parte de baixo tem-se um X, em forma de um tronco retorcido com folhagens. Os braços possuem a forma de um tronco e são encerrados por dois negros que dão suporte aos mesmos; um, possui a cabeça descoberta e o outro, um pequeno gorro. Um pouco para cima dos braços-troncos estão duas figuras de crianças amarradas com feições africanas, com os joelhos a mostra. O espaldar da cadeira traz a marca de Marino, dois anjos que seguram o escudo de Dom Nery, posição exatamente igual aos anjos que seguram a coroa altar da Capela do Santíssimo. A cadeira foi policromada apresentando alguns detalhes dourados. Atendo-se aos olhos e às faces dos anjos, encontra-se a relação com os anjos da Capela do Santíssimo. Os mesmos olhos tristes, caídos nos cantos, as bochechas gordas ao redor da boca, os cachos do cabelo em anéis soltos com uma pequena elevação no alto da cabeça. A mesma formação nas asas, duplas nas pontas, outra intermediária no meio, a mesma curva no acabamento interno, ademais o mesmo tipo dobra no final da perna. As figuras que dão suporte ao braço da cadeira podem ser associadas à alegorias da força. Esta obra é muito semelhante às cadeiras venezianas do séc. XVIII e XIX, que constam no acervo do Museu Ca’Rezzonico, em Belluno (Itália).
Marino Del Favero era proveniente de San Vito, Itália, formou-se entrando em contato com a arte dos escultores Andrea Brustolon e Giovanni Battista de Lotto Minoto (1841-1924), de quem era sobrinho. Giovan Battista De Lotto era apreciador e grande estudioso do trabalho de Andrea Brustolon, a relação entre os artistas encontra-se descrita no artigo de Lonzi.
(FONTE: BARRANTES, Paula Elizabeth de Maria, 2015)